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4/30/2008

O efeito Daslu nas marcas de luxo


As grandes grifes globais estão mais zelosas com sua imagem no
país e apostam em lojas próprias para crescer


Exuberante por definição, o mercado de artigos de luxo no Brasil é visto como um ambiente de negócios em que, muitas vezes, o glamour das marcas é inversamente proporcional à transparência e profissionalismo das operações. Os problemas enfrentados pelo maior empreendimento do setor no país, a Daslu, são uma prova disso. Afundada em denúncias de irregularidades de gestão, a gigantesca loja instalada na zona sul de São Paulo passou por um melancólico processo de esvaziamento do qual ainda tenta se recuperar. Assustados pelos escândalos de sonegação de impostos que envolveram a empresa, alguns importantes clientes sumiram de seus suntuosos corredores.

A operação ainda sofreu um severo estrangulamento em seu fluxo de importações -- o que deixou alguns pontos-de-venda como o da grife italiana Prada sem um único lenço à venda por meses seguidos. Chegou-se a temer que a débâcle do empreendimento dirigido pela empresária Eliana Tranchesi contaminasse todo o setor e respingasse em marcas de prestígio global. O que se constata não é exatamente esse cenário. O setor de luxo segue firme no Brasil.

Uma pesquisa exclusiva feita pelas consultorias GfK Indicator e MCF aponta que o mercado brasileiro de luxo deve manter um crescimento médio na faixa de 10% ao ano e fechar 2007 com faturamento acima dos 4 bilhões de dólares. O estudo é o primeiro a dimensionar o mercado de artigos de luxo no país. Entre suas conclusões, o
levantamento mostra que o fortalecimento da imagem é a principal preocupação das empresas que atuam no setor -- para 83% dos executivos entrevistados, esse é o principal projeto para o futuro. Outro dado relevante traduz essa preocupação: 84% das empresas devem expandir suas atividades em lojas próprias, uma alternativa mais segura a multimarcas como a Daslu ou o Clube Chocolate, outra loja de luxo que
enfrentou problemas no ano passado. A tendência inaugurada há alguns anos por marcas do porte da americana Tiffany & Co., da inglesa Burberry ou da francesa Louis Vuitton vem crescendo nos últimos tempos.

A grife italiana Salvatore Ferragamo inaugurou recentemente sua segunda loja no Brasil, no bairro dos Jardins, em São Paulo -- a outra fica no shopping Iguatemi. A nova loja é praticamente idêntica às filiais abertas pelo grupo na China e na Rússia. O objetivo é manter a imagem da grife no Brasil estritamente afinada com as diretrizes globais da marca. "Numa loja multimarcas não dá para ter controle total da exposição da marca", afirma Milton Pedraza, presidente do Luxury Institute, em Nova York. "A abertura de lojas próprias é reflexo de um mercado em que a experiência proporcionada pela marca é mais importante que o produto em si."

Fonte: Portal Exame.

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